Promotor
        Vale Perdido
        
        Sinopse
        Heinali & Andriana-Yaroslava Saienko apresentam Hildegard
Numa era de proliferação musical, ainda há encontros inesperados que nos separam, de 
imediato, do mundano, do terrestre e da dita normativa. Curiosamente, ou nem tanto, é do 
coração de um país em chamas que surge uma das colaborações mais apaixonantes dos 
últimos tempos. O duo ucraniano move-se fora de uma noção linear de espaço e tempo, 
num diálogo espiritual e catártico entre a voz de Andriana-Yaroslava e Heinali, mago dos 
sintetizadores modulares. Estamos perante música transformadora, que se reconhece e se 
desafia, num processo de escuta sensorial. As notas de rodapé do mais recente 
Hildergard revelam a história traumática da sua origem nas palavras do 
próprio Heinali. A breve, mas intensa, sensação de absorver o choque da explosão de um 
míssil a escassa distância; e a inevitável torrente de questões que um carrega após essa 
experiência.
 
Com a música da compositora medieval Hildegard of Bingen a ocupar uma espécie de 
oráculo nesta congeminação criativa, a ideia de mera interpretação é aqui somente 
lacónica. Embora não ausente, a factualidade estética e histórica encontra-se em plano de 
fundo. Tudo o resto é reflexo de uma aprendizagem acumulada, e extremamente pessoal, 
do que se poderá chamar de vida. Se existirá resistência na sua música? Seguramente. 
Contudo, paira uma sensação globalizante de pura e genuína transcendência. Palavra 
tantas vezes sobre utilizada ad eternum até afundar num vazio de significado, em 
Hildergard surge-nos num ápice. Desliga-nos da luz, do ruído e da 
velocidade lá fora para nos devolver a um espaço há muito perdido. O silêncio cobra uma 
tensão vigorosa, lenta e imersiva. A cosmologia sónica de Heinali funde-se no espectro 
vocal sem nos darmos conta - e atira-nos para uma dimensão desconhecida, distante.
 
Com uma impressionante lista de presença em alguns dos mais importantes festivais 
europeus, Heinali & Andriana-Yaroslava Saienko oferecem uma genuína cerimónia em 
palco. A vulnerabilidade e a volatilidade de tudo como propulsão para uma viagem intensa 
com a promessa de uma noite inesquecível. 
 
Arianna Casellas e Kauê
 
Primoroso encontro latino-americano sem fronteiras. Escolheram a cidade do Porto como 
nave-mãe para voos que levam a folk e as raízes populares para novas roupagens e 
entendimentos. Sem pastiche nem pretensiosismo, cultivam um saber-estar lúcido, tenaz e 
profundamente honesto para com o artesanato sonoro a que se propõem. Há espaço para 
que as cordas se estendam e a voz irradie por entre um ritmo percussivo contagiante. E há 
respiro suficiente para explorar uma singela ideia, transformando-a em algo gradualmente 
maior. Suenan das Campanas surgiu o ano passado como talvez o seu documento mais 
vital até à data. Moldam as palavras num hábil léxico luso-hispânico, carregado de 
vivências e de viagens, mas sempre aberto à curiosidade. Reconhece-se, de imediato, uma 
resistência poética nestas canções. Estórias que soam mais orais do que escritas, como 
contos e cantos que se herdam entre gerações.
 
Toda esta matéria parece intrínseca às vivências que trazem. Cruzam memórias pessoais 
longínquas com crónicas mundanas do que é estar presente neste pedaço de tempo, aqui e 
agora. Por entre evocações mais crepitantes ou evasões confessionais, transparece esse 
domínio rítmico e melódico que os permite chegar a tantas paisagens quanto imaginadas.
 
        
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